uma crítica-letra mandada

o cerol fininho – livro
a cultura da baixada fluminense é uma linha d’água: superfície com mar de almirante, embarcações, por do sol romântico, uma dessas marinhas de amador. abaixo da superfície as coisas também acontecem: vida marinha agitada, multicolorida e, por vezes, deslumbrante. mergulhemos, pois!
Em seu novo livro heraldo hb – o cerol fininho da baixada- história do cine clube mate com angu, abre uma fresta para mostrar as possibilidades culturais da baixada e as agruras para viabilizá-las sem apoio do poder público que, em regra, não vê nas manifestações culturais da região uma condição sine qua non do povo dar o seu recado e mostrar seu valor. sabedores que são de que o binômio cultura e educação são as grandes armas de libertação de um povo, porém acostumados a uma política impositiva e que defenda a priori seus interesses, apesar dos discursos em contrário, o poder público da região, mitiga, sempre que pode, apoio a esses dois postulados. do ponto de vista dos ocupantes do poder público tanto a educação quanto a cultura nunca foram levadas muito a sério, exemplos não faltam.
de escrita fácil e envolvente o autor faz uma narrativa em concomitância entre fatos públicos da cidade- caxias, cidade-útero do mate, vida pessoal e o surgimento do cineclube. caminhos percorridos com toda sorte de dificuldades e como elas foram superadas, com fases e momentos marcantes.
a história do mate é também uma história de vida do autor, seus amigos, fundadores e colaboradores do cineclube em todos esses anos de vida. o cineclube funciona e muito como um aglomerador de ideias e pessoas das mais variadas tendências. é possível ver através da trajetória do mate e estender para outras iniciativas locais o quanto é necessária alma de vietcong para enfrentar as adversidades e botar para funcionar qualquer iniciativa de caráter cultural na cidade.
o autor te pega pela palavra e em pouco tempo você se sente como participante dessa aventura. ansioso e emocionado a cada virada de página. Lembra o envolvimento que se tem ao ler “os dez dias que abalaram o mundo” de john reed, jornalista e ativista, sobre a revolução bolchevique de 1917.
o cerol fininho da baixada é para se ler de uma vez só. leitura leve e agradável, sem o compromisso acadêmico ou didático. lê-lo é, no fundo, puxar uma cadeira sentar e falar para o autor: aí, hb conta uma aí.

Djair Carneiro Lima


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