Arquivos da sessão Maldita Dura

sessão maldita dura

Texto da sessão Maldita Dura

Foi-se o golpe, a foice, a degola de cabeças pensantes, as mãos de ferro dos anos de chumbo; hoje, em pleno século 21, aqueles que pararam no tempo (aquele tempo em que eles eram o poder) fazem questão de comemorar as bodas de ouro desses tempos sombrios. Cinquenta anos depois ainda há desaparecidos, ainda há mortes não explicadas. Ainda há gente babando essa nostalgia trágica e fúnebre. A força do golpe ainda acerta em cheio a cara do preto, pobre e favelado. E a polícia continua matando, até hoje. Sem hipocrisia.

Os Anos Rebeldes agora são de Malhação. Contra a apatia dessa velha-nova classe média, Laranjada neles! E um Viva aos trabalhadores que salvaram este fatídico carnaval de ser mais um ritual morto, peça ensaiada para a televisão, para os patrocinadores, para foliões amadores que não sabem o valor de brincar, de fazer valer a liberdade.

É difícil entender o que seria liberdade. Comecei a ler para matar a curiosidade. Filósofos, poetas, jogadores, vizinhos, parentes, professores, ninguém sabia de verdade como é que se vive. Aprendi que não sou livre, pois não entendo a liberdade.

Liberdade se conquista, e nunca foi barata. Você tem certeza que é livre mesmo? Livre de verdade, como são os gaviões e os vermes do seu intestino?

Quem comanda a maldita dura que ainda viola a dignidade desse país? Quem comanda a maldita dura que viola a dignidade de tantos povos pelo mundo?

A gente precisa olhar pra trás, com criticidade e temor, temor sim, aviso àqueles que acham que o regime acabou. O regime não acabou! O militarismo está crescente no mundo todo. A UPP que entra na favela é tal qual o Soldado da tropa de paz no Haiti. Chegam os homens de farda com suas armas e treinamento de combate ao inimigo; onde estão os direitos e os serviços sociais? Alguém viu a ONU por aí? Ou pelo menos uma professorinha bem remunerada, por favor!

Quando um livro sobre cubismo é confundido com um livro de guerrilha cubana, algo está muito torto. Quantos filmes foram mutilados e quantos mutilados não foram filmados…

Filmedos!!!

Santo anjo do senhor, meu zeloso guardador, que na falta de justiça, não nos mande os justiceiros. Estamos melhores sem, obrigado, as seletas garras desse Estado.

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Filmes da noite

A Situação, de Geraldo Anhaia Mello
Uma avaliação, dois litros de cachaça.
1978 – 8min

O Dia em que Dorival Encarou a Guarda, de Jorge Furtado e José Pedro Goulart
Todo homem tem seu limite, e Dorival resolve enfrentar a tudo e a todos para conseguir o que quer. A história da luta desigual de um homem contra um sistema sem lógica e sem humanidade.
Elenco: João Acaiabe, Pedro Santos, Zé Adão Barbosa
RS – 1986 – 14 min

Todo Preso é Político, de Coletivo Vinhetando
a revolução será musicada. 3min

Quem Manda é a Rua, de Coletivo Vinhetando
na cara. 2min

A Coragem dos Garis é Contagiosa!
Após 8 dias de um movimento corajoso, os garis, mesmo sem sindicato, vencem as ameaças de demissão e arrancam da Prefeitura um aumento de 37% no salário e de 66% no valor do tíquete-refeição.
3mim

O Golpe, de heraldo hb
O plano é tipo “chegou, chatuba, hein”. e pode botar aí.
1min

Pornografia, de Murillo Salles e Sandra Werneck
Um filme-manifesto. Um desabafo explícito contra a execução sumária do cinema.
RJ – 1992 – 6 min

As Várias Vidas de Joana, de Abelardo de Carvalho e Cavi Borges
Menina cresce no interior alheia aos principais acontecimentos do país. Aos dezoito anos desembarca no Rio de Janeiro sem imaginar o que a esperava pela frente. A data? Primeiro de abril de 1964. A partir de então, Joana e o Brasil nunca mais foram os mesmos.
RJ – 2009 – 10 min

Canção dos Oprimidos, de Pablo Cunha
Olhar sobre as manifestações artísticas que utilizavam uma linguagem lírica-metafórica como forma de resistência à repressão da ditadura militar
RJ – 2004 – 6 min

Projeto 68, de Júlia Mariano
Rio de Janeiro, 1968. O movimento estudantil comanda as maiores manifestações contra a ditadura, num crescente desde a morte do estudante Edson Luís até o clímax na Passeata dos Cem Mil. Com imagens realizadas por Glauber Rocha, Silvio Da-rin, Arnaldo Jabour e fotografias de Pedro de Moraes e Evandro Teixeira, Projeto 68 remonta em imagens e sons essa trajetória.
RJ – 2008 – 13 min

Temporal, de Jorge Furtado e José Pedro Goulart
Numa mesma casa, na mesma noite, reúnem-se dois grupos. Um, formado por senhores muito sérios, integrantes de uma ordem religioso-monarquista. O outro, um bando de malucos em fantasias de animais, numa festa com sexo e rock´n´roll. Quando começa o temporal e a luz apaga, tudo pode acontecer.
Elenco: Biratã Vieira, Izabel Ibias, Márcia Erig, Xala Felippi
RJ – 1984 – 11 min

Atrações:

Banda Panguajazz

DJ Guaxininjá

Pra compartilhar pelaí

Sobre Mate Com Angu

Cineclubismo na veia, desde 2002 agitando o imaginário de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, mundo. Produção Cultural autônoma, guerrilha estética urbana, TAZ.
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