O bar dos cornos onde se encontra tudo: amigos, rede social, excursão pra Massambaba, fotos, políticos em campanha e notas no Balanço Geral. Esse é o Corno’s Bar, no Engenho do Porto, em Caxias.
Primeiro episódio do projeto Encouraçado Botequim.
Direção e textos: Pablo Souza, Heraldo HB, Marcelo Amenduim
Fotografia: Pablo Souza
Som: Heraldo HB
Produção e Realização: cineclube Mate Com Angu
Duque de Caxias. Novembro de 2014.
Encouraçado Botequim – um manifesto antropológico meio disléxico
Este manifesto tem como objeto principal a explanação e a reivindicação pela manutenção desse incrível (ão-ão-ão) local/espaço de sociabilidade: o botequim.
Esse mesmo, o famoso e necessário boteco; estabelecimento que se faz fundante na interação entre os sujeitos que a partir de certo momento geram novos conhecimentos que contribuem para construção ou desconstrução de novos saberes, sejam eles, artísticos, políticos e culturais. Por aí.
O fato é que há tempos estamos assistindo, de certa forma até que pacífica, a destruição de patrimônios culturais fundamentais e por vezes não é dada a devida importância para isso.
Um exemplo exemplar: o cinema de bairro, local este que outrora já foi um desses espaços com incrível magnitude para a interação entre os sujeitos, sejam eles realizadores, espectadores, o moço da banquinha de pipoca, o bilheteiro, o lanterninha, o projetista, entre outros. O local de sonho, de expurgos, de paquera, de interação, de janela onde se via a grandeza do mundo a partir do seu mundo próximo.
Os cinemas de bairro hoje se apresentam numa fase terminal de uma mutação drástica, passando de salas de cinemas a templos religiosos e lojas multimarcas. Processo que tem levado a experiência de ver filmes na telona a uma quase dependência do shopping center, do estacionamento, do fast food, da pipoca cara pra caralho.
A similitude com o que tem acontecido com os botequins é clara e aí cabe a observação: é visível a proliferação intensa de “pastelarias” em todo canto; nada contra o pastel, obviamente, mas acontece que essas novas pastelarias estão tomando o espaço dos clássicos botecos, aqueles bares clássicos, balcão em forma de “L” ou “U” que servem/serviam aquele clássico prato feito também conhecido como “PF”; o atendente vestia o clássico jaleco azul com o nome do boteco bordado no bolso do jaleco e também a mais do que clássica caneta na orelha. O copo americano, o jiló, o azulejo, o ovo colorido.
Assim como aconteceu com os cinemas de bairro, os botecos estão ficando extintos, substituídos por pastelarias ou, o que é mais cruel e irônico, mas que ainda não dá pra sentir na Baixada, o famigerado botequim de grife.
É só olhar ao redor para perceber que está cada vez mais difícil encontrar aquele clássico boteco e o projeto Encouraçado Botequim tem como objetivo propor uma reflexão sobre a importância cultural e social desse seminal espaço de interação. E louvar os heroicos resistentes.
Força no fígado e viva o botequim!
Cineclubismo na veia, desde 2002 agitando o imaginário de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, mundo. Produção Cultural autônoma, guerrilha estética urbana, TAZ.
Parabéns galera! Ficou lindo! A musica do final total #SEUJOELFEELINGS amei!!! Parabéns e continuem com o excelente trabalho.