Há um lugar em que o discurso político pré-formatado não consegue chegar dominando de verdade; onde nenhuma tentativa de venda de ideias pode ir assim armando seu balcão sem licença; onde nenhuma catequização consegue entrar impunemente.
Esse lugar é a imaginação. E ninguém consegue pegar a imaginação principalmente quando ela mora no espaço sideral que é dentrofora, que é o Cosmos que habita na criança que todos fomos. Imaginação é liberdade e o espaço sideral é seu território.
Não estamos falando das disneys goela abaixo e das doutrinações voltadas às crianças mundo a fora. Isso rola, óbvio. Mas falamos daquele lugarzinho dentro de cada um onde o sujeito pode imaginar que tudo é possível, inclusive mudar as realidades…
O mundo é grande, Sebastião, e cabe dentro da cabeça quando a cabeça ainda não é sequestrada pela eficiente máquina de formatar a vida e de limitar o pensamento.
É preciso preservar o espaço sideral.
O espaço sideral, ou o termo linguístico “spacing out”, convém às imagens daqueles que deliram além do horizonte. O lugar do imprevisível, o não delimitado, o inexplorado e, por consequência, o diferente. Esse distante, que pode ser um lugar geográfico, galáctico, ou mental, nos termos de maturidade da civilização em sua organização simulada e medíocre de escassez e labuta. Esse deslocamento linguístico ou sonoro desloca também aquele que o contempla. Estamos agora em vertigem. Como Yuri Gagarin, primeiro cabra a ficar em órbita e olhar de cima essa bola azul e maluca em que habitamos e destruimos rotineiramente.
O espaço sideral perturba a direita e a esquerda e ainda catuca o centro.
O espaço sideral é pura política.
O espaço sideral não deixa que a mente puramente cartesiana continue nos levando pra o caminho da escassez e da exploração.
O Cinema é o espaço sideral onde a gente pode brincar, navegando por galáxias e planetas que, no fundo no fundo, são espelhos de nós mesmos…
O espaço sideral pode nos salvar.
Viva o espaço sideral.
Vamos construir um foguete?
Abraços siderados,
Cineclube Mate Com Angu
12 anos lançando satélites
Cineclubismo na veia, desde 2002 agitando o imaginário de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, mundo. Produção Cultural autônoma, guerrilha estética urbana, TAZ.