Texto da sessão Bacante Carnavaleska

É isso, amiguis: é o primeiro Mate do ano, é carnaval e num dianta, as águas vão rolar.

A água é feminina,é fêmea, é seiva, é leito, é barra, ocupa, se espraia, se estende, corre por entre (margens). Água tempestade, revolta, ressacada, que bate. Bebe dessa água bacante, dessa água que devora. Bacantes que fazem brotar leite, mel, vinho e água do solo, mas agora que eu sou puta você vem falar de amor, reverbera a bacante  (carna) Valeska.

E a porra da buceta é minha, e quantas foram silenciadas, amordacadas. Direito ao corpo é o que há. Direito a ser no mundo, a decidir, a não precisar se esconder. Fora Eduardo Cunha. E a sessão é abrideira pra despachar dois mil e catarse e descer a cascata  dialética entre crise e kiss me desse 2015. Fora Eduardo Cunha.

Pra ser atriz tem que ter buceta! disse x mestre dos Fodidos Privilegiados, a atriz nos seus 19 anos em suas preces a Dionísio pedia: “Dionísios, me dá buceta, eu quero ser atriz de verdade.” eu também quero e já somos brincantes e bacantes (devoradoras de verdade) e o vinho é  a agua da uva, nos disse Baco. E o Zé Celso que cultua as bacantes. Elas devoraram Caetano já na década de 90. Tem no youtube. E a Calcanhoto fez uma música.

E finalmente, chegamos na Baixada (ela). Roque Pense, pense nessa água que espraia, que é mulher, que toma vinho, que tem buceta e que toca rock, que canta, que escreve, que faz uma poética de si e das outras. Vem nas águas de março, o festival bacante Roque Pense. Se ligue, devore. Essa água que lava sempre a quarta-feira de cinzas, carnaval desengano, baixa o pano e que é o verso que finaliza o poema-vertigem do Roberto Piva: “eu sou a pomba gira do Absoluto”. Do vinho, da cachaca, agua ardente dispara…

E roda a baiana católica na avenida, e roda a roda do sincretismo levado ao avesso em 3 vezes com  juras, juras que se tropeçam na próxima data festiva, natal, reis, carnaval… halloween. É o milagre da arte no liquidificador dos dogmas, das TAGs fervorosas, do acúmulo de mais do mesmo rumo à transformação. Mas se tivesse que rolar um milagre bíblico nos dias de hoje talvez rolasse é de transformar vinho em água e não o contrário, pois transformar água em money, não foi nenhum grande esforço pro planeta dos  macacos.

Inventam o problema pra vender a solução, já dizia um proverbio viking, pena que o drone não vem com caminhão pipa. Mas o risco de quererem privatizar a água é real, haja vista a chegada das “águas de marca” e os constantes roubos das nascentes pelo país a fora. E se confiança é Friboi; abra uma coca-cola e seja feliz; porque a água do plástico do seu IPhone não dá pra beber, então se liga, concentra no whatsapp pra não gastar saliva à toa!

A água é um troço anti-capitalista por excelência – pelo menos anti-marketing com certeza. É uma coisa que por definição não tem gosto, nem cheiro, nem cor, como aprendemos na escola primária, mas o que faltou aprender na escola primária é que a água não tem dono, e que dinheiro não se come, não se bebe, nem anda sozinho por aí.  “O rio só corre pro mar” já dizia um proverbio mineiro, mas o mar tá salgado, tão salgado quanto a conta da Cedae. Água de poço, não tem mais não, água nascente, já morreu, pastilha de cloro… na promoção do aniversário Guanabara, do lado da gondola de descartáveis e lenços umedecidos… Bem vindo novo milênio disparando o raio laser nas calotas polares mais próximas de você!

E no final é como o mestre Humberto Mauro mandava na lata: cinema é cachoeira.

Evoé, Baco, Bacantes e Brincantes!

Abraços terno-sexuais,

Cineclube Mate Com Angu

13 anos pelados na cachoeira

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Sobre Mate Com Angu

Cineclubismo na veia, desde 2002 agitando o imaginário de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, mundo. Produção Cultural autônoma, guerrilha estética urbana, TAZ.
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