Encouraçado Botequim – um manifesto antropológico meio disléxico

Este manifesto tem como objeto principal a explanação e a reivindicação pela manutenção desse incrível (ão-ão-ão) local/espaço de sociabilidade: o botequim.

Esse mesmo, o famoso e necessário boteco; estabelecimento que se faz fundante na interação entre os sujeitos que a partir de certo momento geram novos conhecimentos que contribuem para construção ou desconstrução de novos saberes, sejam eles, artísticos, políticos e culturais. Por aí.

O fato é que há tempos estamos assistindo, de certa forma até que pacífica, a destruição de patrimônios culturais fundamentais e por vezes não é dada a devida importância para isso.

Um exemplo exemplar: o cinema de bairro, local este que outrora já foi um desses espaços com incrível magnitude para a interação entre os sujeitos, sejam eles realizadores, espectadores, o moço da banquinha de pipoca, o bilheteiro, o lanterninha, o projetista, entre outros. O local de sonho, de expurgos, de paquera, de interação, de janela onde se via a grandeza do mundo a partir do seu mundo próximo.

Os cinemas de bairro hoje se apresentam numa fase terminal de uma mutação drástica, passando de salas de cinemas a templos religiosos e lojas multimarcas. Processo que tem levado a experiência de ver filmes na telona a uma quase dependência do shopping center, do estacionamento, do fast food, da pipoca cara pra caralho.

A similitude com o que tem acontecido com os botequins é clara e aí cabe a observação: é visível a proliferação intensa de “pastelarias” em todo canto; nada contra o pastel, obviamente, mas acontece que essas novas pastelarias estão tomando o espaço dos clássicos botecos, aqueles bares clássicos, balcão em forma de “L” ou “U” que servem/serviam aquele clássico prato feito também conhecido como “PF”; o atendente vestia o clássico jaleco azul com o nome do boteco bordado no bolso do jaleco e também a mais do que clássica caneta na orelha. O copo americano, o jiló, o azulejo, o ovo colorido.

Assim como aconteceu com os cinemas de bairro, os botecos estão ficando extintos, substituídos por pastelarias ou, o que é mais cruel e irônico, mas que ainda não dá pra sentir na Baixada, o famigerado botequim de grife.

É só olhar ao redor para perceber que está cada vez mais difícil encontrar aquele clássico boteco e o projeto Encouraçado Botequim tem como objetivo propor uma reflexão sobre a importância cultural e social desseseminal espaço de interação. E louvar os heroicos resistentes.

Força no fígado e viva o botequim!

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Sobre Mate Com Angu

Cineclubismo na veia, desde 2002 agitando o imaginário de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, mundo. Produção Cultural autônoma, guerrilha estética urbana, TAZ.
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Um Comentário

  1. Eu aqui, subscrevendo o manifesto.

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