Nem toda a alta tecnologia disponível neste planeta de meu-deus é capaz de prever com exatidão total as possíveis trajetórias de um objeto lançado ao espaço. Se nem Barbarela, nossa incansável heroína, foi capaz de fazê-lo, como poderíamos nós, pobres mortais realizar tal tarefa? A pergunta na verdade é outra: queremos ter esse controle? Lançar algo é como atirar a si mesmo numa aventura.
Sempre atrás de respostas e cheio de interrogações passamos a vida buscando a luz no fim túnel, o momento revelador, a epifania suprema e esquecemos que o mais importante é só aproveitar a viagem. Já dizia o tal do Tao: “O caminho é a meta”.
Navegar é preciso, viver não é preciso, diria Fernando Pessoa para um astuto Capitão Kirk do passado. É com essa falta de precisão que nos aventuramos pela vida, a única bússola que temos é o coração e se ela aponta pra direção errada, talvez seja você que esteja errado.
Somos mais quando fazemos aquilo que amamos. E nessa aventura há os segredos da massa, coisa fina, coisa simples e de tão pueril é difícil medir e impossível armazenar. E só botando a mão na massa é que se encontra esses segredos que fazem da vida muito mais do que tentam nos vender em cada esquina.
Mas conforme envelhecemos é preciso cuidado pra não endurecer, pra não ficar frio ou soturno. A desconfiança de que cavucando ali nada de novo vai sair, pode dominar nosso espírito. E quando encontrarmos algo intrigante, uma flor no cotidiano, podemos sair correndo para o sofá mais próximo. Afinal, é o último capítulo da novela.
Mas o que nos intriga também pode ser gatilho para nos levar por aí no sabor da brisa e da tempestade, rumo ao norte, sem perder o flow e o rebolado, chegando ao filme na tela, ao canto no espaço, ao filho no berço.
Nossa alma não é pequena.
A vida não é para se levar com a barriga, no bora-bora. Essa vida é para se ter cuidado, apreço e amor. É preciso afagar o dia-a-dia com atos de valor. Para expandir os espaços, arejar a mente, destrancar o coração e deixar-se correr pela estepe. E o uivo correu a madrugada, você ouviu? Ouviu? Preste atenção… Lá no fundo…
Carpe Diem.
Cineclube Mate Com Angu
Indo audaciosamente onde…
Cineclubismo na veia, desde 2002 agitando o imaginário de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, mundo. Produção Cultural autônoma, guerrilha estética urbana, TAZ.