SESSÃO TUMULTO – CORRA ZÉ, CORRA!

“Panela batendo, toca fogo no pneu, põe barricada
Velhos, senhoras e crianças
A mulecada pula, debocha e dá risada
Parece brincadeira, mas não é
Tumulto, corra que o tumulto está formado”

Escuta, Zé, prestenção que esse papo vem de loonge… Palmares, Canudos, Cabanagem, Praieira, Farroupilha, Balaios, Sabinos, mocambos, Central do Brasil, Cinelândia, Candelária, Pinheirinho, 1962… Opressão, pressão, pressa. Corra, Zé.

A linha do orgasmo, o poder do clímax em um roteiro, o silêncio que precede o esporro, a boréstia antes da tempestade, o deslocamento de ar numa explosão, a mãe que sente a morte do filho a quilômetros de distância…

Se pudéssemos parar o tempo antes que tudo vá pelos ares, antes da explosão de confusão, caos e detritos, antes que as redes de tv nos chamem de baderneiros… Se pudéssemos analisar esse momento, poderíamos perceber o quanto é autêntico, visceral, real e necessário um tumulto eclodindo em plena Central, em plena estação da Barcas S.A ou em qualquer outro coração do músculo capitalista, selvagem e miliciano. Daria pra ver claramente o clarão.

Mas tudo é tão rápido, incontrolável e afiado, Zé…

Do alto, o tumulto pode ser uma dança, uma poluição visual fluida, orgânica, simbiótica, semiótica, sem definição… Uma tragédia? Uma festa? Nas fotos dos grandes tumultos dá sempre pra ver alguém correndo e rindo, rindo de quando alguém destroça bens públicos de plástico e sorriso amarelo. Rindo do impacto em seu coração, da onda que invade o espírito de todos ali. O tumulto nos tira de nós; de repente você é apenas mais um elo na corrente incontrolável – o tumulto é coletivo, um mar de vontades contra um muro de estupidez e medo.

A opressão diária, o chicote, com aquele dos guardas da Supervia, só são possíveis, porque todos temos um pouco de medo, um pouco de subverniência e um pouco de ditador dentro de nós. E um dia isso vaza. O tumulto explode quando não há mais espaço para a mentira, para a máscara…. E aí até o mais (c)ordeiro cidadão parte pra cima e quer ver tudo explodir.
E com esse momento explodem também o levante, a poesia, a liberdade. Alguma coisa que mora dentro do peito, mesmo que negada, mesmo que inconsciente, mesmo que massacrada.

Um dia, tenha certeza, o tumulto estará aí
Corra, Zé, corra que o tumulto tá formado e talvez você não possa se livrar dele assim tão fácil.

Com amor e raiva,
Cineclube Mate Com Angu

noite dedicada a banda Rogério Águas e a Parede.

Imagem

 

Local: Sociedade Musical e Artística Lira de Ouro
Rua Sebastião de Oliveira, 72
(paralela à Av Nilo Peçanha)

 

Queremos GUERRA!!!!
Sessão Tumulto!
Banda Gente Estranha no Jardim
DJ Cavalcanti
quarta – 28 de março – 21h

Filmes de Baderna:

AnguTV – uma repreportagem sobre o Meeting of Favela. dir, Cacau Amaral

A Matadeira, Jorge Furtado 14 min – Casa de Cinema de Porto Alegre
O filme conta o massacre de Canudos a partir de um canhão inglês, apelidado pelos sertanejos de a matadeira, que foi transportado por vinte juntas de boi através do sertão para disparar um único tiro.

“Coturnos e Bicicletas” de Bárbara Moraes, Luisa Pitanga, Julia Barreto, Lívia Uchoa e Rodrigo Dutra.  8 min – Oficina do RECINE.
A influência italiana no Brasil está no cinema, na arquitetura e na política.

Torres Gêmeas – Projeto Torres Gêmeas – 20 min
Nasce da vontade de algumas pessoas ligadas ao meio audiovisual pernambucano de falar do Recife e de suas relações de poder a partir do projeto urbano que vem sendo desenvolvido na cidade.

Je Vous Salue Sarajevo – Jean-Luc Godard – 3 min
Uma reflexão sobre a cultura européia, nacionalismos e a guerra da Bósnia, a partir de uma foto de guerra dos fotógrafos Ron Haviv e Luc Delahaye.

Sem Medo do Medo – Coração de Pedra  7 min
Videoclipe realizado na 1ª SEDA – Semana do Audiovisual de São Carlos – SP

Orquestra Voadora, de Bento Marzo e Lincoln Fonseca, 8 min – Tapioca Filmes.
Carnaval de 2011 – dia da mulher.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=3bhrFSJbtq0]

espalhaê:

Pra compartilhar pelaí

Sobre Mate Com Angu

Cineclubismo na veia, desde 2002 agitando o imaginário de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, mundo. Produção Cultural autônoma, guerrilha estética urbana, TAZ.
Adicionar a favoritos link permanente.

Um Comentário

  1. Mas começa à que horas?
    Abraço

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.