Texto da sessão Não Sou Obrigada

Quem tem medo de março?

Certamente os que não entenderam que as mulheres afirmam março como quem reconhece seus direitos de ser, vir e voltar, assim como o direito de produzir estética, sentido, informação, fazer circular conhecimento, disseminar lutas e conquistas, alertar contra o machismo patriarcal não só na vida real como nos bastidores dos shows, das grandes e pequenas produções, nos palcos, nos ensaios, no dia a dia do embate, com poder e empoderamento.

“Medo nós tem, mas não usa”

                Margarida Alves, sindicalista assassinada na Paraíba

Estamos vivendo um momento no Brasil em que vemos crescer uma enorme onda conservadora. Na política, nas ruas, nas Igrejas.  Em busca de um retrocesso nas conquistas sociais, conservadores partem para ataque deixando evidentes velhos estigmas e preconceitos que vinham sendo diplomaticamente disfarçados.

O sexismo, conjunto de ações ou ideias que descriminam um sujeito em relação a outro em função de seu sexo, sempre oprimiu mulheres com as mais variadas ferramentas. Dos códigos morais e estéticos ao conjunto de leis, temos uma história de submissão e violência, legitimada por uma cultura moralista e patriarcal que molda comportamentos e crenças, fazendo com que a mulher não só seja oprimida como acredite que essa é sua única escolha.

O Roque Pense também levanta essa lebre: até aqui foi invisibilizada, e muito, e não à toa, a potência das mulheres que estão por trás de grandes projetos culturais que sacodem a Baixada Fluminense nos últimos anos, seja nos cineclubes, nos saraus, nas companhias de teatro, nas bibliotecas comunitárias, nas bandas, nos museus. Até que ponto essa rede feminina passa batida pra legitimar o lugar e o espaço do homem na produção subjetiva de arte? Até que ponto não reconhecemos o lugar de um protagonismo autêntico, de pensamento e de ação que integram, em espiral, muitos outros corres de mulheres por mais arte, território, fruição, diversão e prazer em fazer juntx ?

Mais do que nunca, é preciso olhar para o lado, reconhecer seus iguais e partilhar saberes e conquistas, sonhos e angústias, planos e estratégias. É daqui, do território onde você se encontra que qualquer passo será dado a caminho da liberdade, da plenitude de direitos, do seu empoderamento.

Do encontro do Mate Com Angu com o Festival Roque Pense através de um convite para dinamizar uma oficina de videoclipe dentro do calendário do festival, rolou uma conexão forte de reconhecimento e parceria.  Foi um processo de formação pra nós e de descoberta de um potencial inexplorado, discutir em primeira pessoa a representação feminina em produções audiovisuais, e isso só foi possível pela rede de confiança criada em mais uma estação dessa longa estrada da vida. E do boom veio a motivação para a  sessão “Não sou obrigada ” e a seleção de filmes que separamos para hoje.

Seja no roque, no cinema, na praça ou no teatro, ficou claro com esse Março de 2015 que o machismo não passará e nós, passarinhas, voaremos!

marcofeminista

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Sobre Mate Com Angu

Cineclubismo na veia, desde 2002 agitando o imaginário de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, mundo. Produção Cultural autônoma, guerrilha estética urbana, TAZ.
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