Existe um tipo de cinema que pouco se faz no Brasil, um tipo de cinema popular e autoral. Um cinema…
Bem, com os estudiosos do cinema, temos os filmes intelectualizados, de arte, que propõem a experimentação na linguagem; comandando a massa, temos os filmes-programas-esticados-de-TV, que têm o suporte vultoso da indústria de massa do Brasil, tomando mafiosamente conta dos espaços com conteúdos descerebrados e vazios de qualquer sentido. Temos também os favela-movies, que viveram o auge na decepcionante redenção do Capitão Nascimento, do competente Tropa de Elite 2, – um cinema popular de fato. De autor? O tempo dirá. – filme policial, embalado em uma danosa e superficial justificativa, sociológica e acadêmica, de buscar compreender o Brasil.
Falta um cinema mais liberto de tantas pretensões, um cinema que não seja filho das universidades, que não seja filho da tv e que não seja filho da sociologia. Faltam filmes antropofágicos e sem preconceito, filmes como “Mangue Negro” de Rodrigo Aragão. Filmaço produzido de forma independente no Espírito Santo. Com determinação, suor e alguns litros de sangue artificial, Rodrigo produziu um feito, um marco, um filme cheio de inventividade e tesão. Sem apoio estatal. Feito na porrada.
Produzimos, em sua maioria, um cinema sem heróis, um cinema que parece ter medo da ficção, da fantasia, da aventura, do pop e do rebolado. Um cinema que hesita levar o espectador pra longe. É mais fácil viajar numa conversa de botequim, do que vendo um filme brasileiro. Por quê?
Talvez esse cenário venha do modo do Brasil encarar a cultura. Onde o artista é colocado com pires na mão. “Justifique sua obra“, pergunta-caô que exige resposta-caô. O que justifica um filme é o fogo no coração. O Estado como produtor, mesmo com toda a preocupação de buscar a diversidade, impõe sim, uma perspectiva da história que é contada.
Mas fogo no coração não coloca comida dentro de casa. Será? Sim, cinema é também uma arte industrial, que precisa da ajuda do Estado. Mas mais do que produzir, o Estado precisa dinamizar. A sede de audiovisual no Brasil não cabe mais em edital que premia 20 curtas por ano. Esse modelo já era. Está tudo distorcido. Hoje em dia o Mate Com Angu disputa grana pública com a Rede Globo. Não é uma maluquice? O cinema hoje não cabe mais na fôrma – é uma panela de pressão. A democratização da produção chegou com a tecnologia digital, falta agora democratizar a economia. Que tal abrirmos um banco? É preciso criar uma nova dinâmica econômica para o cinema brasileiro. Uma economia descentralizada e diversa. É preciso Criar, ser criativo nos modelos de negócio! E os fazedores de filmes são os maiores responsáveis dessa construção. Suportes como a internet, as salas independentes de cinemas, as lan-houses e os camelôs têm que ser considerados. É preciso estar atento pra não levar um caldo e perder o bonde da história. Sejamos novos de fato!
E voltando a provocação inicial… Um viva ao cinema escapista brasileiro!
Abraços fortalecedores,
Cineclube Mate Com Angu
O cerol fininho da Baixada
PROGRAMA MALDITA FÁBULAS! – Um Viva ao Cinema Fantástico.
Quarta, 31 de agosto 2011 · 20h30min
No Bar do Luís (em frente à Lira de Ouro) Rua Sebastião de Oliveira, 72 (paralela à Nilo Peçanha), Centro – Duque de Caxias – digrátis!
Mangue Negro, de Rodrigo Aragão
Terror / 2008 / 105min / Digital / Espirito Santo – BR
Depois que um mangue é contaminado de forma inexplicável, uma comunidade humilde é chacinada por zumbis. Mocinho e mocinha lutam para sobreviver e, como se fosse possível, encontrar uma cura.
Após o filme, Festa Groove com DJ CAVACANTI.
A Decomposição é Inevitável!
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Cinema brazuca, na veia!
Cineclubismo na veia, desde 2002 agitando o imaginário de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, mundo. Produção Cultural autônoma, guerrilha estética urbana, TAZ.