
Jean-Claude Bernardet é um cara imenso — sem dúvida, uma das maiores referências do Cinema brasileiro. Um craque como crítico, roteirista, diretor, montador, ator, professor, escritor, pensador.
Intelectual de grande sensibilidade, seus textos conseguiam ser densos, vitaminados de conteúdo, mas muito gostosos de ler — predicado de quem tem clareza do que está dizendo e sente prazer em ser entendido por todo mundo.
Em 2017, pudemos passar uns dias com ele aqui na quebrada, e deu pra ver de perto que o cara também era uma figuraça — e um ser humano muito especial. No começo, bateu uma insegurança: será que toparia nosso convite de vir pra cá, andar com a gente pelo calçadão de Caxias, pela Fortaleza do Tenório, pelo Mercado Municipal? Veio na boa. Zoou, assuntou sobre nosso trabalho, sobre a cidade — e ainda topou ser entrevistado num boteco clássico aqui do centro: o saudoso Folclore’s Bar, perto da estação.
Foram dias intensos. Já no primeiro almoço juntos deu pra sentir a energia boa do cara. Falou muito de cinema e política, mas também sobre a vida, sobre o povo, sobre sua saúde — sem nenhum traço de autopiedade ou pose.
Além de tudo o que já sabíamos dele pelos livros, filmes e entrevistas, ficou ainda mais claro que ali estava alguém apaixonado pelo Brasil, pela arte cinematográfica, e com um interesse genuíno pelas coisas da vida: o presente cotidiano, os dramas humanos.
Recebeu nossa homenagem com muito bom humor, sem afetação, com uma emoção contida, mas verdadeira. Um cara gigante, que ficaria à vontade em qualquer periferia do país onde sentisse no ar a energia vibrante do cinema brasileiro.
Obrigado por tudo, Mestrão.






Cineclubismo na veia, desde 2002 agitando o imaginário de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, mundo. Produção Cultural autônoma, guerrilha estética urbana, TAZ.