O dia em que o Zé foi parar no Segundo Carderno

Pra quem não ficou sabendo, o nosso querido Zé Luis morreu, o grande Zé, uma das figuras mais icônicas que conheci na cidade, principalmente na ponte Jardim Primavera – centro de Caxias. Tive com ele no bar do Manel há umas três semanas e senti mesmo que ele tava bem debilitado. Conversamos, tiramos foto, falamos sobre nosso amigo Igor na zoropa, falou de políticos famosos que ele conviveu, e ao me despedir dentro do coração senti algo dizer que o Zé não ia durar muito.

Zé além de ser uma figuraça, era um cara puro amor. Vai deixar saudades.

Mas passei pra comentar um episódio muito, sei lá, engraçado, curioso, problemático, emblemático.

Em 2010, o Segundo Caderno do Globo marcou com o nosso cineclube, o Mate Com Angu, pra fazer uma matéria e fomos nós lá pra querida Lira de Ouro receber o repórter e o fotógrafo. Era uma tarde e fazia um calor do cão. E por algum motivo o Zé tava com a gente, zoando a pampa, e acompanhou todo o papo com o jornalista, um cara muto simpático e que pareceu mesmo bem interessado na matéria.

Na hora do foto é que ficou uma impressão bem ruim, que pode ter sido um ruído, mas que me incomodou bastante na hora em que a pergunta feita.”Ele também é do Mate?”. Podia ser só uma má impressão, mas pra mim ficou no ar um coisa de que aquele cara não “combinava” muito com o conteúdo. “Sim, pô, o Zé é praticamente o líder máximo do nosso grupo. Ele tem que estar nessa foto”. Com nossa resposta rápida e muito assertiva, enfim foram feitas as fotos pra tal matéria que saiu o com o curioso título: “Na periferia, a Tropicália dos excluídos”. Em 2010, o Segundo Caderno já não era aquilo tudo o que tinha sido uma longa época, mas não deixou de ser uma marcada de território naquele espaço midiático outrora super fetichizado e cobiçado.

E foi assim que o Mate realizou um dos feitos que acho muito maneiro em nossa trajetória que foi ter colocado no Segundo Caderno, um dos cadernos de Cultura mais conhecidos no país, o Zé, o mítico Zé, trajado com uma indefectível camisa do Mengão, sentado posturado, marrento, super à vontade naquele lugar que de alguma forma ele tinha que estar mesmo.

Vai na Luz, Zé. Valeu pelos rangos, apoios, carinho, tiradas; no fundo a gente sabe que você era Mate Com Angu também.

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[heraldo hb]

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